De 0 a 10, quanto você enxerga que o momento atual está nos preparando para o futuro?

Competências, habilidades e atitudes compõem o famoso chá da carreira. Chá mesmo, daqueles que a gente deveria sentar-se, assim como os ingleses fazem, para beber, saborear e elucidar para onde está rumando a humanidade.

Charles Darwin já dizia que é preciso adaptar-se para sobreviver. Acho que esse é um momento de adaptação.

Tempos atrás o que importava para o crescimento de uma carreira era ter um coeficiente de inteligência satisfatório, o famoso QI. Ele mensura e avalia a capacidade de memória, habilidades matemáticas, ou quaisquer outras habilidades do cognitivo, da capacidade de pensar e de aprendizado, além da sua execução.

Porém, como tudo na vida, percebemos que as coisas sempre vão além do que é enxergável e outros Qs foram recrutados e se tornaram até mais relevantes do que o QI.

O coeficiente emocional (QE) e o coeficiente de adaptação (QA) são os “novos” indicadores de sobrevivência e sucesso.

O QE nos fala de habilidades interpessoais, de autocontrole, de comunicação, empatia, gestão emocional, dentre outros.

Entretanto, a tecnologia se tornou tão importante na época em que vivemos, que houve a necessidade de se separar a adaptação das habilidades emocionais e trazê-la como índice individualizado, sendo um fator crucial de seleção natural.

O QA diz da capacidade de se posicionar e prosperar em um ambiente de mudanças rápidas e frequentes, tipo o que estamos vivendo agora.

A capacidade de absorver novas informações e descobrir o que é mais relevante entre elas, além de deixar para trás o que ficou obsoleto, superar desafios, ter um esforço consciente para mudança, e características como flexibilidade, curiosidade, coragem e resiliência é o que traduzimos como coeficiente de adaptação.

Claro, o QI ainda é muito utilizado e que bom por isso, mas para conseguir um emprego, dentre outras coisas, os mais utilizados agora são o QE e o QA. Eles vão ditar a permanência e a progressividade da carreira, portanto, eles se tornam os novos indicadores de sucesso.

Em um futuro bem próximo, as atividades que requerem detectar padrões nos dados serão substituídas pela automação, segundo a IBM, e assim a tecnologia fará com mais rapidez e mais precisão o que muitas pessoas realizam hoje, fazendo com que sejam substituídas. Sendo assim, é importante que usemos nossa intuição para completar o trabalho da máquina e, para isso, o desenvolvimento de habilidades como criatividade, resolução de problemas, empatia e responsabilidades são imprescindíveis.

Permanecerão aqueles que fazem coisas que outras pessoas não conseguem fazer, e o nome disso é adaptação e flexibilidade.

Ousaria aqui dizer que um novo coeficiente também está brotando nesse movimento. Conhecido como coeficiente de positividade, ele mensura o quanto o nosso cérebro permanece no seu modo positivo, ou seja, produzindo mais, criando mais e tendo mais resultado.  Esse coeficiente relata bastante do autoconhecimento que precisamos buscar para atingir o amadurecimento necessário dos nossos padrões mentais, herdados e construídos ao longo da vida.

E sim, é muito difícil mensurar isso, o melhor indicador é o desconforto e ele deve ser mantido para que não percamos a capacidade de adaptação com a qual já nascemos.

Quero aqui de sugerir três maneiras de aumentar essa adaptabilidade:

1 – Limite as distrações e concentre-se em como fará a adaptação para o momento requerente;

2 – Organize-se mentalmente para fazer as perguntas certas e desconfortáveis para atingir o resultado que você deseja;

3 – Estimule-se sempre, tenha curiosidade e uma busca constante por respostas de conceitos ou demandas que apareçam.

Lembre-se: o seu cérebro é um órgão perfeito que possui o armazenamento de 4 terabytes, uma velocidade de resposta de 431 km por hora, sua nutrição e irrigação sanguínea promovem vasos que dão quatro voltas na Terra e nele existem mais neurônios do que estrelas no céu.

adaptação

Não é uma máquina qualquer, e sim a melhor das máquinas. Nada conseguiu ainda chegar perto da capacidade que ele possui, e quanto mais você desenvolver esses coeficientes, maior será a energia, a criatividade, a inteligência, a adaptação e a gestão emocional, e você sempre será a pessoa que mais se beneficia com todo esse progresso.

Existem, no mínimo, três fatos que precisamos aceitar no momento:

1 – Já não basta dominar um assunto, é preciso dominar a si;

2 – Os locais e as formas de trabalho estão mudando, é necessário adaptação;

3 – As capacidades de aprender, de mudar, crescer e experimentar precisam aumentar significativamente.

Para finalizar, volto a insistir que conhecimento, autorresponsabilidade, autoconhecimento e autodomínio são as chaves para que consigamos nos adaptar para tudo que está chegando, e já nem sei se posso dizer em um futuro bem próximo, ou se já não está acontecendo.